ESG: Investindo com Propósito e Retorno

Em um mundo em transformação constante, o investimento responsável ganhou protagonismo. O conceito ESG (Ambiental, Social e Governança) tornou-se mais do que uma tendência: é uma estratégia essencial para quem busca alinhar propósito e retorno financeiro.

Panorama Global do ESG

Os investimentos em ESG estão prestes a atingir US$ 53 trilhões até 2025, o que representa aproximadamente um terço de todos os ativos sob gestão no mundo. Esse volume impressionante reflete a crescente pressão de governos, consumidores e investidores por práticas mais sustentáveis.

Apesar dos recordes de entradas líquidas em 2024, com a Europa liderando com US$ 20,1 bilhões, o primeiro trimestre de 2025 registrou resgates de US$ 1,2 bilhão na região e US$ 6,1 bilhões nos EUA. Essas variações mostram como fatores geopolíticos e políticas públicas podem influenciar o apetite do mercado.

Cenário Brasileiro

No Brasil, a realidade não poderia ser mais animadora. Em 2025, os fundos ESG brasileiros cresceram 28%, alcançando R$ 34 bilhões em patrimônio sob gestão. O número de investidores saltou de 80,4 mil em dezembro de 2024 para 149,8 mil em julho de 2025, enquanto o patrimônio líquido do segmento subiu 48% no ano.

Desse total, 127 fundos têm compromisso formal com objetivos sustentáveis (IS) e 66 integram critérios ESG no processo decisório sem compromissos rígidos (ESG-related).

Mudança na Alocação de Fundos

O movimento de migração entre classes de ativos reflete o cenário macroeconômico brasileiro. Em 2022, fundos de ações dominavam mais de 90% do volume ESG, mas em 2025 essa participação caiu para 17%, enquanto os fundos de renda fixa ESG concentraram 78% do patrimônio.

A rentabilidade também chama a atenção: desde abril de 2022, os fundos de ações IS subiram 41%, e os ESG-related avançaram 31,7%, superando o conjunto da indústria de ações brasileira, que valorizou 21,9%. Mesmo com o Ibovespa em +14,7% e o Índice de Sustentabilidade B3 em +22,5% em 2025, os fundos de ações ESG sofreram saída líquida de R$ 1 bilhão no período.

Principais Métricas e Índices ESG

• ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) da B3
• Rating de agências especializadas como MSCI e Sustainalytics
• Indicadores de emissões de carbono e gestão de resíduos
• Critérios de diversidade, inclusão e direitos humanos

Títulos Sustentáveis e Cenário Macroeconômico

A emissão de títulos sustentáveis no Brasil caiu 65% no 1º semestre de 2025, totalizando US$ 3,3 bilhões. A estabilidade geopolítica incerta, a ausência de lançamentos pelo Tesouro Nacional e juros elevados (15% a.a.) explicam esse recuo.

Por outro lado, ganham força alternativas como blended finance e instrumentos voluntários, que oferecem mecanismos de financiamento inovadores e atraem empresas em busca de recursos alinhados a projetos socioambientais.

Governança e Transparência Empresarial

Empresas com baixa avaliação nos critérios ESG enfrentam dificuldades para captar recursos e podem ser excluídas de índices e carteiras sustentáveis. Para evitar barreiras e fortalecer a confiança, é recomendada a criação de um Comitê Estratégico de Sustentabilidade e o alinhamento da remuneração executiva a metas ESG.

Segundo pesquisa recente, 80% das empresas médias brasileiras ampliaram suas intenções de investimento em ESG em 2025, superando as médias global e latino-americana. Isso demonstra uma maturidade crescente e o reconhecimento de que transparência e governança eficazes são diferenciais competitivos.

Regulação e Futuro do ESG

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) prepara uma norma que tornará obrigatória, a partir de 2026, a divulgação financeira ligada a eventos climáticos extremos. Grandes companhias já incorporam relatórios de sustentabilidade em suas demonstrações anuais, impulsionando a adoção de padrões internacionais de divulgação.

Em âmbito global, eventos como a COP30 devem acelerar a criação de marcos regulatórios e a evolução dos instrumentos financeiros sustentáveis. Investidores e empresas precisarão estar preparados para atender requisitos cada vez mais rígidos.

Desafios e Oportunidades

Embora o mercado de fundos sustentáveis represente apenas 0,37% do patrimônio líquido total da indústria, há espaço significativo para expansão. A principal barreira é o desafio de educação e capacitação de gestores e investidores, conhecido como "curva de aprendizado" em ESG.

• Desafios: baixa penetração, volatilidade macroeconômica, falta de padronização.
• Oportunidades: crescimento em renda fixa, blended finance, fortalecimento de governança.

Como Começar a Investir com Propósito

Para quem deseja iniciar sua jornada em ESG, é fundamental entender os indicadores disponíveis, escolher fundos alinhados ao seu perfil e acompanhar relatórios de impacto. Além disso, a diversificação entre ações, renda fixa e instrumentos alternativos pode reduzir riscos e potencializar retornos.

Conclusão

O mercado ESG oferece uma oportunidade única de unir investimentos conscientes e resultados financeiros. Com dados globais robustos e um cenário brasileiro em rápida evolução, investir com propósito deixou de ser opção para se tornar imperativo. Ao adotar práticas de sustentabilidade, governança e transparência, empresas e investidores constroem um futuro mais responsável e lucrativo.