A Ascensão dos Mercados de Baixo Carbono

A Ascensão dos Mercados de Baixo Carbono

O mercado de baixo carbono cresce globalmente e se consolida no Brasil como motor de inovação.

As metas do Acordo de Paris impulsionam aumentos expressivos no comércio de créditos de carbono, com crescimento projetado de mais de 30% ao ano até 2030 no mercado voluntário. A COP29 aprovou o Artigo 6.4, acelerando as regras de negociação em 2025, o que cria um cenário mais sólido para investidores e empresas. Mercados regulados como o Cap & Trade na China avançam em setores-chave, expandindo oportunidades de transição energética global.

Tendências Globais e Contexto de Mercado

Em 2025, as emissões de combustíveis fósseis devem subir 1,1%, alcançando 38,1 bilhões de toneladas de CO2, com concentração atmosférica de 425,7 ppm, 52% acima dos níveis pré-industriais. Apesar do aumento, o ritmo de crescimento desacelerou para 0,3% ao ano na última década, refletindo o impacto de sumidouros de carbono e políticas climáticas mais robustas.

O mercado voluntário de carbono está se consolidando como fonte de financiamento urgente para projetos de energia renovável, reflorestamento e inovação industrial, criando um ciclo virtuoso de redução de emissões e retorno econômico.

O Papel Estratégico do Brasil

Em 2024, o Brasil registrou uma redução de 16,7% nas emissões brutas, atingindo 2,145 GtCO2e, graças à queda no desmatamento na Amazônia (-11,08%) e no Cerrado (-11,49%). Para 2025, projeta-se 1,44 GtCO2e, ainda acima da NDC, mas em trajetória de convergência com metas de longo prazo.

A realização da COP30 em 2025 reforça o protagonismo brasileiro, com proposta de integração global de mercados voluntários de carbono e a implementação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE). O SBCE, sancionado em 2024, será implementado em cinco fases até 2030, com preço inicial de US$30 por tonelada, subindo para US$60 na segunda fase, gerando impactos como:

  • +5,8% no PIB até 2040;
  • -21% nas emissões de setores regulados;
  • ¹+6% a +8,5% de aumento no PIB entre 2040 e 2050.

Essa iniciativa fortalece a competitividade do país e atrai investimentos, consolidando o Brasil como referência em créditos de carbono.

Investimentos e Financiamento

A transição energética global exige investimentos de US$4 trilhões por ano em 2025, saltando para US$7,2 a 8,9 trilhões ao ano entre 2030 e 2050. No Brasil, o mercado de dívida sustentável evolui, com alinhamento VSS+ subindo de 88% para 93% entre os primeiros semestres de 2024 e 2025, envolvendo 152 emissores, sendo 82% corporativos.

Projetos de hidrogênio verde somam 131 anúncios globais desde 2021, com previsão de US$500 bilhões em investimentos até 2030. No entanto, gigantes do petróleo, como a Exxon, reduziram em 30% seus gastos em iniciativas de baixo carbono, redirecionando investimentos para óleo e gás.

Setores e Rotas de Descarbonização

O uso da terra representa 42% das emissões brasileiras, seguido pelo setor agropecuário com 29% e pelo setor de energia com 20%, mantendo-se estável em 424 MtCO2e. A remoção de carbono por solos agrícolas cresceu 3,7%, atingindo 281 MtCO2e em 2024.

Mais de 30 rotas industriais de baixo carbono estão em desenvolvimento, incluindo aço verde, biocombustíveis de segunda geração, hidrogênio renovável e eletrificação de processos. As recomendações para acelerar o progresso incluem:

  • Expansão de energia renovável eólica offshore;
  • Fortalecimento de políticas de eficiência energética;
  • Estímulo a biocombustíveis avançados;
  • Regulação eficaz de mercados de emissões.

Qualidade, Inovação e Desafios Futuros

Critérios de qualidade, como selos CCP, metodologias REDD Verra e ratings de projetos, são fundamentais para garantir impacto real e social. Compradores corporativos valorizam cada vez mais impacto social e ambiental, filtrando iniciativas de baixo risco.

Apesar de avanços, apenas 19% das empresas precificam internamente externalidades, indicando espaço para maior maturidade. Estudos apontam cinco caminhos para o desenvolvimento de soluções de longo prazo, incluindo parcerias público-privadas, fortalecimento de regulações e inovação aberta.

O desenvolvimento do mercado de baixo carbono requer coordenação entre governos, setor privado e sociedade civil. As políticas públicas são essenciais para criar ambiente regulatório estável, enquanto empresas devem incorporar precificação interna de carbono e buscar inovação contínua.

Para investidores, a diversificação em projetos verdes e soluções tecnológicas oferece não apenas retorno financeiro, mas também legado ambiental. A construção de cadeias de valor sustentáveis fortalece a economia e gera empregos de qualidade.

Em nível individual, escolhas de consumo consciente e engajamento em iniciativas locais complementam ações de grande escala. Cada tonelada de CO2 evitada representa um passo em direção a um futuro mais próspero.

A hora de agir é agora. O mercado de baixo carbono está em plena ascensão, criando oportunidades ímpares para quem deseja contribuir com a transição energética e fomentar inovação industrial de baixo carbono. Junte-se a essa jornada transformadora e prepare-se para colher benefícios econômicos e ambientais nas próximas décadas.

Referências

Giovanni Medeiros

Sobre o Autor: Giovanni Medeiros

Giovanni Medeiros atua como analista de comportamento financeiro no sabertotal.com. Ele transforma conceitos importantes — como controle de gastos, gestão de dívidas e tomada de decisões — em conteúdos acessíveis que orientam leitores a construírem uma relação mais equilibrada com o dinheiro.